A sua utilização não é nova, mas as tecnologias mais recentes tornaram o papel sulfite feito a partir do bagaço da cana-de-açúcar um processo que finalmente pode ser conduzido com alta qualidade. Uma das empresas que beneficia a matéria-prima é a GCE Papéis. Exclusivamente trabalhando com a cana-de-açúcar, a empresa ganha visibilidade e se diferencia das demais em um mercado tão competitivo, como o nosso setor papeleiro.
É desta forma que Luiz Machado, da GCE Papéis, justifica seus investimentos na matéria-prima, ao invés da utilização de outras fibras no processo de produção de papel. Além disso, o executivo pontua que, tanto custo como fabricação não diferem da utilização da celulose de eucalipto e cita ainda algumas vantagens ambientais.
“A utilização do bagaço de cana na fabricação de papel ajuda sobremaneira a minimização dos possíveis impactos ambientais oriundos do acúmulo de resíduos gerados por atividades industriais. Com isso, o bagaço de cana deixa de ser queimado para a geração de energia termoelétrica e passa a ter uma utilização mais nobre”, comenta Machado.
Transpondo agora a questão da qualidade, os objetivos da empresa são o de difundir a marca e desenvolver novos produtos a partir do bagaço da cana. Inclusive, seu primeiro produto, que chegou ao mercado brasileiro em 2005, o papel ECOQUALITY® recentemente foi Vencedor do Prêmio GreenBest 2012 na categoria Materiais Inovadores.
Conheça mais sobre a utilização do bagaço da cana, na entrevista a seguir...
Por que a empresa investiu nesta matéria-prima?
Luiz Machado: O papel produzido com bagaço de cana-de-açúcar já existe há muito tempo. Contudo, a qualidade deste produto deixava a desejar em relação ao desempenho em equipamentos de alta velocidade de impressão. Com investimento em novos equipamentos e o aprimoramento da tecnologia, foi possível produzir em larga escala e com total segurança, sob um rígido controle de qualidade, o que tem assegurado ao produto posições de destaque no setor. Em 2011, o produto foi agraciado com o prêmio Bright Green Book Sec. XXI (Livro Verde do Século XXI), em que foram listadas as 100 melhores práticas em sustentabilidade no mundo.
Como tem sido a procura por esse tipo de papel pelo mercado? Quais os desafios enfrentados?
LM: Iniciamos a comercialização desse produto em 2005 e tivemos muitas dificuldades em comunicar ao consumidor que o papel produzido a partir do bagaço de cana-de-açúcar funcionava em todos os equipamentos e com o mesmo desempenho dos produtos comumente utilizados. A partir de 2010, o produto começou a ganhar espaço, à medida que uma grande empresa passou a utilizá-lo e percebeu que o nosso papel tinha excelente desempenho. A partir daí, este cliente indicou o produto a outras empresas que também passaram a nos procurar. Como sempre, o boca a boca ajuda muito na divulgação e, com isso, temos ganhado mais e mais participação nesse mercado.
O que o investimento no bagaço da cana melhorou nos planos da empresa?
LM: A empresa desde o início tem como objetivo trabalhar e fornecer somente papel produzido a partir do bagaço de cana-de-açúcar, de fato esse é o diferencial. Atualmente, o nosso foco está voltado ao desenvolvimento de novos produtos que venham contribuir com a missão da empresa que é oferecer produtos sustentáveis, de excelente qualidade e a preços extremamente competitivos.
Os custos envolvidos na produção desse papel encarecem o produto?
LM: A fabricação do produto é exatamente igual ao custo de fabricação do papel convencional produzido a partir do eucalipto. A diferença está somente no tipo de matéria prima utilizado, nesse caso, o bagaço de cana-de-açúcar.
Qual é o preço de venda do produto?
LM: O preço de venda desse produto é exatamente igual ao preço do produto tradicional. Dependendo do local onde é adquirido, pode custar alguns centavos a mais ou a menos. O preço também varia, de acordo com as quantidades. Quanto maior o volume, mais em conta acaba ficando o nosso produto para o cliente.