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Brasil, a menina dos olhos da Metso

Entrevistas | Entrevista | 09.03.2012




O Brasil deixou o posto de terceiro lugar entre os pedidos recebidos pela Metso em 2010, atrás de China e Estados Unidos para liderar esse ranking em 2011, com 1,292 milhões de euros. Só a América do Sul foi responsável por mais de 26% das vendas da empresa no ano passado. E a promessa é que esse número aumente ainda mais, principalmente com as previsões de crescimento dos mercados de celulose, papel e energia e o investimento de R$ 40 milhões da empresa no País. Isso porque no dia 8 de março último, a finlandesa inaugurou sua nova planta na cidade de Araucária (PR), reafirmando a aposta no mercado brasileiro e no Chile, ampliando a oferta de suporte e serviços, já responsável por 40% do faturamento global da Metso em 2011, além de novas tecnologias em bioenergia.

Foi durante a inauguração deste novo espaço, com cheirinho de casa nova, distribuídos em 10 mil metros quadrados de área construída em uma arquitetura sustentável, que os executivos Pasi Laine, presidente da Metso Celulose, Papel e Energia, vice-presidente executivo e debut para CEO e Celso Tacla, presidente para a América do Sul neste setor, falaram a O Papel sobre os próximos passos no mercado e as dificuldades que desafiarão o desenvolvimento do setor.  

O Papel - A crise de 2008 trouxe grandes dificuldades para as empresas. Agora é a vez de a crise europeia complicar ainda mais este cenário. O que já mudou ou o que mudará o planejamento estratégico da empresa? Qual a relação com a ampliação dos investimentos da empresa nos países emergentes?

Pasi Laine: A crise não nos afetou diretamente, porque trabalhamos com projetos no longo prazo. Contudo, os mercados emergentes, como China, Índia e os países da América do Sul, sempre fizeram parte do nosso foco estratégico. E agora ainda mais! Isso porque o crescimento do consumo e a necessidade de aumentar a produção têm sido muito maior nestes países, que em qualquer outro lugar. Esses países não foram afetados pela crise. Com isso, passo a passo estamos nos inserindo nessas regiões. Em 2008, já possuíamos vários investimentos e ao invés de parar com eles, decidimos dar continuidade aos projetos, mantendo o nosso crescimento.
De qualquer forma, essa crise não será a última que veremos!

O Papel - Com o investimento nessa nova planta, o que muda no posicionamento da empresa para o setor?


Celso Tacla: Com essa nova unidade a Metso poderá aumentar ainda mais a sua capacidade em serviços e também para atender novos projetos. Hoje somos fornecedores líderes na América do Sul. Em nossa base instalada mais de 60% da celulose passa por equipamentos da Metso. E são esses clientes os que mais precisam dos nossos serviços. Nós temos que oferecer assistência técnica dos processos, toda a parte de operação passando pela manutenção e a revisão desses equipamentos e estamos aqui para suportar os clientes da América do Sul e as fábricas em operação, além de executar novos projetos. Hoje, isso já acontece de maneira integrada com as demais unidades da empresa na Finlândia, Suécia e China. Nossas equipes, engenharia e projeto mecânico, trabalham intimamente ligadas com as outras unidades e, a partir de agora, esse trabalho será ainda mais intensificado.

O Papel - O que a nova planta alavancará em negócios para a empresa?


Laine: Nós temos muita habilidade e know-how concentrados aqui. No entanto, ainda a apreciação do real torna difícil exportar essa tecnologia e produção, mas o Brasil tem todo o potencial para se tornar um centro global de excelência para as operações em celulose no futuro. Esse é o nosso maior desafio.

Tacla: Acredito que o Brasil poderia representar dentro da Metso esse centro, principalmente pela nossa vocação de produção da celulose e competência nesse setor, ainda mais se tivéssemos melhor e maiores condições de competitividade. Já quanto a receita de serviços, que hoje representa 40% dos negócios da empresa, temos crescido 10% a 12% ao ano. A participação da América do Sul também deverá crescer com a execução dos grandes projetos anunciados em 2011 e a ampliação dos serviços com a unidade de Araucária.
Um próximo passo que também deverá ampliar o crescimento será a nossa nova planta no Maranhão.

Leia mais em reportagem Negócios & Mercado da revista O Papel, de abril 2012.

Thais Santi
Jornalista